quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Os anjos do Sertão

"No sertão como em qualquer lugar, tem no algum dos anjos; quem é o anjo de alguém é fato, comiseração, consideração no também; mas de pouca definição se leva a um todo maior. O horizonte sertanejo é por demais indefinido, as coisas vão e vem e só sabemos quem é o verdadeiro anjo no fim de tudo, quando, cabeça sobre o travesseiro, anjo vem trazer, sorrateiro, água quente..."
Esta breve introdução creio que seria acompanhada com perfeição da musica "Chuva no terreiro" de Mestre Elomar. Buscamos sempre durante o livro dar um enfoque a personalidade das pessoas, exemplo foi o texto que malungo André postou anterior a este. Épróprio de gente simples reconhecer a personalidade,moderno preocupa demais com o cabelo e roupa. Lá, nada mais, sabe que o sapato novo pode de tá as vezes apertando como o de Fabiano e sua esposa no Vidas Secas de Graciliano. A verdade que meu povo mostra, não é mostrada. é sentida. Se não se usa o coração vossa pessoa pessoa esta longe de entender qualquer coisa....
Graças a Deus, bom Senhor, ainda me concede a pobreza de coração, porque assim,ainda que com dinheiro na bolsa riqueza nenhuma aflige.

Malungo Mário

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Desapeia, macho!

Foi naquele umbuzeirinho da quina do rio, seco, que deixei anteontem meu gibão, facão e também a pederneira que ganhei a Chico Terto; mas Braque também ficou lá, cachorro é igual gente, quando confia é pra valer, eu sei! E há por essas regiões remotas, onde nem sei se a “terra esposa a lua”, muito dessas coisas grandes e que aprendemos... Há nas cacimbas abertas e na água salobra um toque de sertão que me espanta... Um sertão ainda mais meu, ainda mais misturado de mim. E se furo os pés no espinho miserável ou se a pele arde ao toque terrível da cansanção é por que de fato estou na caatinga de minha terra e de lá, mormaço quente e bafo de um clima estranhamente agradável, Secret de Polichinelle, deve haver sim, mil sonhos lindos naquele céu aberto de calor e esperança. À noite então, malungo a malungo, chegam, viola plangente, cantando coco e modas dos meus tempos idos.
E eu quero que este ano também seja assim, nas águas. Haverá de um vento amigo trazer aqueles sons distantes, que ora parecem gritos, ora gemidos, ora notas melodiosas que nem sei se daqui são.
E haveremos também, malungo a malungo, reunir os nossos versos de cantigas e dizer em algumas palavras simples, entendíveis, alguma coisa que realmente toque aquele espírito mais sequioso da verdade e não se iluda de aqui é terra para muito sonhar, se vê.
Bendiga os periquitos e as manchas escuras dos juazeiros, igual a mim e a mulher do meu amor que me acode em minhas incertezas de homem meio catingueiro, meio tudo, inclusive catingueiro!
Aqui há esperança, há um cheiro de saudade daquilo que está por vir... Entre Inhô, repara não, se assenta no banco... “Café pro home, Nice!”

Malungo André

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Entre... Entre... Se achegue, seu moço!

Amigos leitores:

Conforme dito na descrição, este blog é um pré lançamento do livro "O Sétimo Candeeiro"; Nosso livro aborda a vida de nosso povo. Vamos no conseqüinte levantar questões de nossa terra e estar mostrando, no simples, comum, as muitas coisas por que passamos e que o povo passa, feliz.
A idéia surgiu de um diálogo do malungo André e minha pessoa pela Internet e vistas de textos e músicas de Mestre Elomar em seu web site.
Se vossas pessoas acham que virão criticar nosso português refuto desde ja a hipótese de agrado, pois como catingueiros escrevemos com o coração, não essa merda de reforma gramatical, claro sem excluir a importância desta, mas escrita de coração... Cada vírgula e cada ponto é algo sentido, nada fora do lugar, dito!
Portanto, sejam bem-vindos; a apreciação da obra que malungo André e eu tão denotadamente escrevemos pede muito de vocês; estilo interpretação nas hostes adivinho; mas, se nosso povo entende e o texto saiu bonito. quem vai dizer?

Malungo Mário