quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Desapeia, macho!

Foi naquele umbuzeirinho da quina do rio, seco, que deixei anteontem meu gibão, facão e também a pederneira que ganhei a Chico Terto; mas Braque também ficou lá, cachorro é igual gente, quando confia é pra valer, eu sei! E há por essas regiões remotas, onde nem sei se a “terra esposa a lua”, muito dessas coisas grandes e que aprendemos... Há nas cacimbas abertas e na água salobra um toque de sertão que me espanta... Um sertão ainda mais meu, ainda mais misturado de mim. E se furo os pés no espinho miserável ou se a pele arde ao toque terrível da cansanção é por que de fato estou na caatinga de minha terra e de lá, mormaço quente e bafo de um clima estranhamente agradável, Secret de Polichinelle, deve haver sim, mil sonhos lindos naquele céu aberto de calor e esperança. À noite então, malungo a malungo, chegam, viola plangente, cantando coco e modas dos meus tempos idos.
E eu quero que este ano também seja assim, nas águas. Haverá de um vento amigo trazer aqueles sons distantes, que ora parecem gritos, ora gemidos, ora notas melodiosas que nem sei se daqui são.
E haveremos também, malungo a malungo, reunir os nossos versos de cantigas e dizer em algumas palavras simples, entendíveis, alguma coisa que realmente toque aquele espírito mais sequioso da verdade e não se iluda de aqui é terra para muito sonhar, se vê.
Bendiga os periquitos e as manchas escuras dos juazeiros, igual a mim e a mulher do meu amor que me acode em minhas incertezas de homem meio catingueiro, meio tudo, inclusive catingueiro!
Aqui há esperança, há um cheiro de saudade daquilo que está por vir... Entre Inhô, repara não, se assenta no banco... “Café pro home, Nice!”

Malungo André

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