sábado, 18 de outubro de 2008

Sobre a matriz tupi!

Estava eu, minha pessoa, eu mesmo, assistindo um vídeo sobre os povos indígenas que habitaram nossa terra antes de a gente. Interessante parte me marcou, disseram: para o índio não existe cisão entre o trabalho e a arte.
Fiquei pois matutando com essa bendita frase na cabeça, como não diferenciar?
Para os índios cada coisa tinha seu espírito, por exemplo, espírito da floresta, da planta, do macaco, da colheita, da feitura das coisas, etc. A visão holística, fazia com que a própria vida fosse, para eles uma obra de arte tão perfeita que praticamente não necessitasse de arte. As coisas simples do cotidiano são uma obra de arte.
Recorri portanto ao Sétimo Candeeiro onde também isso. ressaltamos o sentido do coeso, consensual, ordinário; e assim, no sim no não, descobrimos, longe daquela malandragem de Zé Carioca, o perfeito sentido do cada instante o último.
O nordestino, eu penso, segue este caminho, existe a arte como transmição do belo; ele se alegra com ela mas, o labutar cotidiano chama, obrigatoriamente a maturidade; chama a descobrir o belo no simples...
penso que este seja o objetivo deste livro!!!

Malungo Mario

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Céu de Allah

E continuamos aqui, sob este céu a dizer alguma coisa. Ora eu, outra o malungo Mário... Mas é que queremos que aqui se reúnam todos, eu e você e que venha beber dessa mesma bebida forte que nos fazem pensar o espírito! Por que este é um livro de sertão, mas não. Algumas palavras, mesmo em desalinho, e que não temos interesse de privá-las por que elas nasceram livres e livres hão de nunca morrer... E se há essa natureza eterna na palavra é que a alma catingueira, cismada, pensativa, verdade que produz sempre... E nesta terra nossa, nessas regiões pitorescas nós pensamos e viajamos e galopamos num cavalo alado, cujo nome é um só e cujo chão, pedregoso como o seu próprio e inexaurível destino permite.

Malungo André

domingo, 5 de outubro de 2008

Palavras que estimulam a escrita

Povo... para tudo na vida temos um objetivo.. fato; neste momento escuto somewhere over the rainbow, na interpretação daquele cabra lá do havaí... então... escutando esta musica deduzi que daqui um cado de tempo e todos nós estaremos mortos.. nada de profanação dos altos conceitos através da religião, mas adotar na religião o que é positivo e viver com liberdade. (obs: sou um moço de igreja viu?)
Mas escutando o som das coisas simples e descobrindo o de mais puro pensei: tem palavras que só de escutar ja da vontade de escrever... eu colocarei algumas e vcs complementam afinal o objetivo deste blog é interação:
sabedoria, solicitude, esperança, amargoso, bem querência, buniteza, beleza, amor, paz, vida, etc...
vê só: "na viver da bem querência daquele povo,solicito, vi que toda a buniteza na verdade vem do solo amargoso do sertão, porém, todo cheio de amor, paz sofrida e vida.

Malungo Mario

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Andanças

Homem tem que ser de palavra. Não varia. Eu vario. Oscilo, mudo, cambaleio. Como o instinto dessas aves migratórias que por aqui passam na busca feliz de novas plagas... E meu pensamento pombo-correio: Sempre vai... Sempre volta...
Andei lendo que isso é mesmo coisa de judeu, sempre teimoso; discordante. Mas é que sinto vontade de teimar ainda que esse outro eu não concorde comigo! E aí é que teimo pra valer. Eu posso dizer mais alto e ouvir mais alto ainda quando ele destoa a voz já grande de um pensamento errante, meu. Pois lá nada se parece com coisa frágil, é duro, feroz, feito de uma ação mais duradoura, menos pequena.
E quando entro em debate comigo mesmo, sempre irrito, sempre exulto. No final as coisas, as contas acabam bem, não por que devessem acabar assim como num capricho mesquinho, que se cala, fazer bonito. Não. Mas por que, parturiente daquela verdade maior, a busca, sempre entoa um canto novo, um novo milagre da descoberta. E assim, novo, sempre novo, saboreio a vida. E na mesma medida em que penso na amizade do tempo, também vejo nele um inimigo. Me dá o prazer da vida, se vivida. Experimentada, saboreada igual esse café que bebo aos goles. E que deveria ser bebido sem medida de tempo, sem que o facão cortasse num pedaço só a parte dele. A parte do cuscuz comestível. O cuscuz, meu todo, o abraço que faço no eterno, o deus que eu sinto, vivo, experimento; o pedaço, esfarinhado no prato ou na tábua do periquito, vida menor, essência mesma, porém menor da amplidão do milharal que lho formara alhures. Não sei se quem um dia ler estas palavras de um caatingueiro que acha que sabe alguma coisa, vai entender a lição que a imagem, visual que sou, o cuscuz dá-me. Mas é do cuscuz, inteiro, esfarinhado, esparramado que chego à minha realidade dicotômica, verdade talvez final daquilo que ando pensando quando o sono não vem.
O pedaço do cuscuz é bom, quando no fundo o tempo é um amigo, inseparável, companheiro, generoso e tira o gosto da boca, solícita, por que não consigo comê-lo todo. Assim é. Assim penso. Quem sabe Biluca pensa assim também! E seja assim conosco. E quando tu vier, eu te comprarei da colônia e te banharei nessa essência de tempo, gabará, dirá uma louvação e menina, moça naquela chita e nas anáguas sérias então haverá um todo de amor, um todo de vida na crueza incerta, ainda mais crueza, de todo esse nosso trajeto!

Malungo André